
A Teoria das Janelas Quebradas foi desenvolvida pela escola de Chicago, por James Q. Wilson e George Kelling, e foi publicada no ano de 1982. A teoria foi desenvolvida através de uma curiosa experiência realizada por psicólogos americanos no final da década de 60. A experiência foi a seguinte: foi deixado um carro em perfeito estado em um bairro de periferia, e os realizadores do experimento ficaram observando. Passaram algumas horas e uma pessoa quebrou o vidro do carro e levou o toca fita. Logo depois do primeiro evento que deixou o vidro do carro quebrado, em pouco tempo do carro foi todo depreciado e foi levado tudo o que se podia levar do carro. Dias após, colocaram outro carro do mesmo modelo e no mesmo estado que o anterior em um bairro nobre. Passaram dias e o carro permaneceu intacto. Isso intrigou os pesquisadores. Então, um deles resolveu quebrar o vidro do carro e se escondeu para continuar observando, e aconteceu o esperado, em pouco tempo pessoas foram passando e depreciando o carro, e foi levado tudo o que era possível do carro.
A Teoria das Janelas Quebradas explica basicamente que se a janela de um edifício for quebrada e não for reparada a tendência é que outras pessoas irão quebrar as outras janelas e irão com o tempo, acabar destruindo o edifício. Trata-se de um comportamento social da natureza humana. Duas vertentes explicam esse comportamento: O “efeito manada” e a “falta de controle ostensivo”. O “efeito manada” constatado na experiência explica que só foi necessário uma pessoa para dar o impulso e cometer um delito, para que as outras também o fizessem. Assim, quando a primeira pessoa quebrou o vidro do carro, e outras pessoas viam o carro depreciado, a tendência era também aproveitar a situação. A “falta de controle ostensivo” foi constatada explicando que, no bairro da periferia não havia quase nenhum policiamento, então era mais fácil cometer um delito e sair impune. Já no bairro nobre, o policiamento era frequente nas ruas, por isso a demora na depreciação do carro, mas a partir do momento que a primeira janela do carro foi quebrada, demonstrou-se o desleixo do local, e houve a sensação de impunidade, então seguiu o efeito manada.
A teoria possui outros desdobramentos, mas essa é a sua base, e podemos exemplificar essa teoria com o que ocorreu no Estado do Espírito Santo no começo do ano de 2017, quando a Polícia Militar entrou de greve. A falta de policiamento nas ruas acarretou uma série de consequências e a sensação de impunidade dos infratores. Lojas foram saqueadas, as pessoas eram roubadas nas ruas, patrimônios foram depreciados, várias pessoas foram mortas, e etc.
Acredita-se que muitas das pessoas que saquearam as lojas não são criminosos habituais, mas seguiram o efeito manada a partir do momento que viram outras pessoas saqueando lojas, furtando bens e saindo impunes, e então decidiram fazê-lo também, já que muitos estavam fazendo e não havia policiamento. Houve a sensação de impunidade para essas pessoas e aproveitaram para cometer delitos. Nesse contexto, foi constatado que a desordem gera desordem.
~Hudson Magno
Pós graduando em Direito Tributário e Pós graduando em Advocacia Prática
- Advogado - Hudson Magno Advocacia & Consultoria - Membro da Comissão da Advocacia Jovem da OAB/GO (CAJ)
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